Por Thábata, Rogério, João Vitor, Shariel, Dulcides
Por entre os prédios, os primeiros raios de sol se faziam presentes. O som das águas do Paraíba do Sul agradava os ouvidos dos amantes da natureza, enquanto Guilherme de 15 anos e Felipe de 17, atletas da Associação Campista de Remo, procuravam em seus movimentos a perfeita sincronia que o esporte exige.
Os jovens se preparavam para a próxima competição que disputariam em menos de três semanas, uma regata em comemoração aos 75 anos do Clube de Regatas do Corinthians. Desde então, os meninos-atletas treinam todas as manhãs para fazer jus à representatividade que o remo campista possui nos principais clubes do Brasil. Prestígio que rendeu a várias equipes, de outras cidades, atletas de ponta.
Um dos principais talentos do remo regional é o campista Thiago Braga, atleta com carinha de adolescente e responsabilidade de adulto. Aos 17 anos, Thiago foi chamado para fazer parte do quadro do Clube de Regatas Vasco da Gama, com apenas um ano de treinamento no esporte. Thiago já é a grande promessa para equipe brasileira de remo.
Com o barco estendido, Guilherme e Felipe atravessam a Avenida XV de novembro e param por alguns segundos em um dos pontos de maior trânsito de veículos da cidade. Ao término do treino, os atletas retornam para o galpão da Associação Campista de Remo e guardam seus equipamentos. Os carros continuam a trafegar e, quando o semáforo indica para pararem, os motoristas mais atentos observam de longe a prática do remo. O esporte completou 102 anos de tradição na cidade e nunca fora deixado tão de lado pelo poder público.
Perto dali, os praticantes do Skate, esporte não tão tradicional quanto o remo, faziam da Praça São Salvador sua pista particular. O banco, o chafariz, o envoltório das árvores, tudo vira obstáculo de diversão quando se está com o pé no Skate. A movimentação intensa dos transeuntes se mistura ao frenético ritmo do esporte. A desordem na pracinha contradiz todo tradicionalismo que o local remete. É velho, jovem, criança que, inevitavelmente, disputam a mesma área de lazer. Os velhos querem sentar nos singelos bancos e caminhar pela praça, as crianças desejam correr com seus frágeis velotróis e, finalmente, os Skatistas que, por sua vez, querem os bancos dos velhos e o espaço das crianças. Imagine o caos...
Isto tudo, nada mais é do que o resultado da falta de políticas públicas que não acompanham o crescimento demográfico na cidade. Não se tem área de lazer. Os praticantes de qualquer esporte, em Campos, encontram dificuldade para obtenção de subsídios para a prática. É engraçado perceber que as coincidências não são apenas ruins. Nos dois esportes, há praticantes comprometidos em difundi-los, este é o caso de Luciano Soares Paes. Praticante do Skate há anos, Luciano pleiteou subsídios junto a Fundação Municipal de Esporte, não conseguindo nada muito significativo, mandou construir, com recursos próprios, obstáculos móveis comuns ao esporte. Hoje em dia, após muitas dificuldades, dá aula no Serviço Social do Comércio (Sesc), que emprestou-lhe aos sábados e domingos sua quadra para que meninos e meninas da cidade possam ter aulas gratuitas. Segundo Luciano, não é apenas uma aula, é um projeto social. Aos sábados e domingos a quadra do Sesc recebe praticantes de todos os níveis sociais. São raras as vezes em que alguém verá moradores da Pelinca e da favela da linha em pé de igualdade, incentivando um ao outro. No geral, vemos estes dois mundos se encontrarem na antiga relação patrão-empregado.
"O projeto é abrangente, acolhe desde alunos da classe média alta até os mais carentes. Pelo fato de o Skate custar em torno de R$ 100,00 a R$ 150,00 fica difícil, sem incentivo, propiciar a vinda de mais jovens, financeiramente, menos favorecidos. Por isso você vê, ainda, certa predominância dos jovens de classe média e classe média alta," confessa o professor.
É instigante ver como um esporte muito difundido e pouco incentivado, pelo menos em Campos, consegue quebrar a perpetuante barreira entre as classes sociais.
Diga-se de passagem, que o skate é a 2ª potência esportiva no que diz respeito a novos investimentos, empregabilidade e geração de novos negócios, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, perdendo apenas para o futebol. O que faz-nos incorrer no seguinte questionamento: Por que a falta de incentivo? Por que o descaso? De acordo com o jornalista e pesquisador dos esportes, Leandro Nunes, tudo isso é a falta de visão do poder público, no caso do remo. E no skate, por ser um esporte relativamente recente, a falta de estrutura para prática. Ah! o esporte, por sinal, vai bem! Obrigado.
sábado, 22 de novembro de 2008
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